Que
tal pegar um carro e dirigir por aí, sem rumo?
É
bom esclarecer que, neste caso, o carro é roubado. No entanto, quem daria falta
de um Lada caindo aos pedaços?
Vai
falar que você nunca quis fazer isso? Não digo exatamente a parte de roubar um
carro, mas sim de viajar sem planos, ao lado de uma pessoa bacana, e deixar o
destino escolher o que vai acontecer com vocês.
Você
e seu amigo.
Você
e Tchick.
Para
ser mais exata, Maik e Tchick.
A
história é narrada por Maik, mas o nome da pessoa que dá título ao livro é de Andrei
Tschichatschow (Tchick), seu novo colega de sala. Tchick é um adolescente estranho
que chega à escola após o feriado da Páscoa. Além de não estar interessado em
conhecer as pessoas com quem estuda, ele aparece constantemente bêbado durante
as aulas, o que, entre outras peculiaridades, só fomenta os boatos de que sua
família faz parte da máfia russa.
Maik
é antissocial, não tem amigos e nem apelidos, e é secretamente apaixonado por
Tatjana. Ele decepciona-se quando, no último dia letivo, não é convidado pela
garota para sua festa de aniversário. Somente Maik e uns babacas ficam de fora
da balada mais esperada para as férias de verão – isso após ele ter preparado o
presente de Tatjana durante meses.
Com
a mãe alcoólatra passando mais uma temporada na clínica de desintoxicação, e o
pai fazendo uma viagem à “negócios” com uma de suas assistentes anos e anos
mais nova, Maik não espera muitas coisas de suas férias de verão sozinho em
casa.
E
é aí que surge Tchick. Até então, ele e Maik nunca tinham conversado, mas
Tchick começa a frequentar a casa de Maik durante os primeiros dias das férias.
Mostrando ser uma pessoa agradável, Tchick convence o amigo a entregar o
presente de aniversário que ele tinha preparado à Tatjana.
Poucos
dias depois, Maik e Tchick deixam Berlim para trás e decidem viajar rumo à
Valáquia, na Romênia, para visitar uns parentes de Tchick. Um dos problemas que
encontram assim que caem na estrada – além de terem quatorze anos e se
preocuparem, durante a maior parte do tempo, em não serem pegos pela polícia –
é o fato de não saberem como chegar à
Valáquia.
Dessa
forma, entre campos e plantações à beira da estrada, eles almoçam com
Friedemann e sua família maluca e receptiva, comem amoras com Isa, recebem
ajuda de uma fonoaudióloga e têm um encontro inesperado com porcos. A trilha
sonora da viagem fica por conta do plim-plim-plim do piano de Richard
Clayderman – uma fita cassete que Maik encontra no Lada.
Carpe Diem.
Como
será que essas férias de verão terminam?
Tchick foi o primeiro
livro de um escritor alemão que eu li. Uma história leve, divertida, com
capítulos bem curtos, o que faz com que o leitor sempre queria ler “só mais um
pouquinho”, antes de fazer uma pausa necessária. Não me sinto no direito de
dizer o que acontece no final da história, mas posso afirmar que deixa o leitor
com aquela famosa sensação de “quero mais”.